terça-feira, 19 de maio de 2009

Este relato é do meu avô paterno, Vicente Garnacho, que, depois de vir da Índia, foi integrado na Legião Portuguesa.
“Em 1951, entrei para a tropa, onde estive 3 anos e meio, em Lisboa.
Depois dos 3 anos e meio, fui para a Índia, em nome da pátria, para defender as províncias pertencentes a Portugal. Parti de Lisboa, num navio, em Outubro de 1955, demorando 18 dias a chegar a Margão (Índia).
No primeiro mês que lá estive, fui preso, no forte, por não ter cumprido uma ordem do meu superior. Quando sai da prisão, fui tirar o 4º ano de escolaridade, pois dizia-se que para um tropa a 3ª classe era pouco.
Eu era o condutor das cisternas de água, que forneciam as outras unidades de vários quartéis e por vezes tinha de ir debaixo de fogo. Viajei por muitos locais, para poder fornecer unidades que estavam isoladas.
Em Outubro de 1957, regressei a Portugal e fui integrado na Legião Portuguesa.
Uns dias depois de ter chegado, quis tirar a carta de condução e apresentei o diploma da 4ª classe que me deram na Índia. Disseram que o diploma não era português e tive de fazer outra vez o exame da 4ª classe, agora em Portugal. Só depois pude ter a carta de condução.
Como pertencia á Legião Portuguesa, eu guardava o armamento que era da tropa de António de Oliveira Salazar no edifício da Legião Portuguesa, na Avenida Marechal Carmona, onde eu morava.
Após o 25 de Abril, a Legião Portuguesa deixou de existir, tivemos então que entregar o armamento ao exército português, para não termos problemas.
E foram assim 23 anos da minha vida. Vivi experiências que nunca pensei viver e, o mais importante, aprendi muitas coisas.”



Ana Rafaela